LEITE É BOM NEGÓCIO?
Sebastião Teixeira Gomes1
Roberto Pereira de Melo2
Antes de responder a esta pergunta, deve-se examinar duas questões relacionadas a
este tema, quais sejam: os objetivos do produtor e a situação da economia nacional.
Do ponto de vista econômico o objetivo do empresário é a maximização do lucro.
Entretanto, outros objetivos devem ser acrescentados na análise do processo de decisão do
produtor. No caso particular da atividade leiteira merecem destaque a liquidez do
empreendimento e a capacidade de combinar com outras atividades. A freqüência do
recebimento do leite e a facilidade de venda dos animais conferem à pecuária leiteira um
forte atrativo, especialmente entre os pequenos produtores. Quanto a combinação com
outras explorações a atividade leiteira possui características excepcionais. Fornece esterco
para as culturas, facilita o melhor uso dos fatores de produção e custeia a fazenda. É famosa
a combinação café com leite. Portanto, na explicação da permanência de muitos produtores
na atividade leiteira, as questões discutidas anteriormente devem ser examinadas com
cuidado.
A segunda questão a considerar na análise do negócio leite refere-se ao
comportamento da economia nacional. Os desequilíbrios da economia brasileira, com alta
inflação, taxa de juros elevada e grande desemprego tornam as verdades econômica
passageiras. Por exemplo, no início deste ano o elevado preço do leite transformou a
pecuária leiteira numa das mais atrativas atividades do setor rural. A partir de maio, o preço
do leite simplesmente despencou, mudando completamente o julgamento sobre a
atratividade desta atividade.
Outra conseqüência importante do comportamento da economia sobre o negócio
leite é a perda de renda do produtor provada pela combinação de alta inflação e de longos
1
2
Professor da UFV e consultor da EMBRAPA.
Pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite EMBRAPA.
Escrito em 01-12-92.
1
ARQ_64.DOC
prazos de pagamento. Atualmente o preço real do leite, recebido pelo produtor, é de 20 a
30% menor em razão do chamado imposto inflacionário.
Admitindo que o objetivo prioritário do produtor é o máximo lucro e uma economia
razoavelmente estabilizada examina-se, a seguir, alguns condicionantes do leite ser um
bom negócio. Basicamente o lucro depende de dois fatores: relação de preços e
produtividade. A relação de preços, medida pela divisão entre o preço do leite e os preços
dos fatores de produção, dá uma idéia do poder de compra do produtor. Este poder é maior
quando aumenta o preço do leite, quando reduz os preços dos insumos ou quando há uma
combinação entre ambos.
Para aumentar o preço real do leite algumas medidas podem ser consideradas, tais
como: a) Reduzir o prazo de pagamento do leite; b) Repassar para o produtor ganhos da
industrialização; c) Reduzir ou até mesmo eliminar impostos sobre a produção e
comercialização do leite, visto que é um alimento essencial na alimentação humana; d)
Pagar o leite por qualidade, favorecendo aos autênticos produtores; e) Aumentar e sustentar
a diferença entre o preço do leite cota e do excesso, também favorecendo aos autênticos
produtores; f) Sobretaxar importações subsidiadas; g) Estabelecer regras para a intervenção
do governo no mercado; h) Viabilizar programas de distribuição gratuita de leite para
famílias de baixa renda, até que aconteça melhor distribuição de renda no país.
Para reduzir o preço dos fatores de produção pode-se pensar nas seguintes
estratégias: a) Substituir fatores relativamente mais caros por outros mais baratos.
Exemplo: concentrados podem ser substituídos, pelo menos em parte, por volumosos de
boa qualidade; b) Compras em conjunto com outros produtores, obtendo-se ganhos de
escala; c) Facilitar importações de insumos pela redução da aliquota de importação; d)
Redução de impostos sobre os fatores de produção.
O segundo ponto que afeta o lucro é a produtividade. Os dados da Tabela 1 indicam
que existe uma associação negativa e significante entre produtividade e custo de produção.
Isto é, maior produtividade implica em menor custo por litro e, por conseqüência, maior
lucro. Ainda de acordo com os dados da Tabela 1, não existe diferença significativa entre o
custo por litro do estrato de até 5 e de 5 a 7 litros/vaca ordenhada/dia. Isto significa que o
produtor só deve passar pelo estrato do meio como caminho para chegar numa
2
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produtividade maior que 7 litros/vaca. Ele não deve permanecer naquele estrato sob pena
de ter prejuízo.
Tabela 1 - Custo de produção de leite na região Sudeste do Brasil. Dados corrigidos para
novembro de 1992
Estratos de produtividade
(litros/vaca ordenhada/dia)
CR$/l
Até 5
De 5 a 7
Mais de 7
2.783
2.695
2.187
Fonte: Dados básicos do Projeto Acompanhamento de Fazendas, CNPGL-EMBRAPA.
Finalmente uma questão da maior importância tanto para produtividade quanto para
a lucratividade da pecuária leiteira. Trata-se do volume de produção ou do tamanho da
exploração. Diversos estudos já comprovaram que leite só é viável economicamente em
média e larga escala de produção. Com certeza um dos fatores que aumenta o custo de
produção do leite do Brasil é a pequena escala de produção por fazenda. Enquanto a
produção de leite/dia por produtor do Brasil é 50 litros, da Argentina e 470 litros e do
Uruguai 300 litros. São valores expressivos e têm muito a ver com a produtividade e com o
custo de produção destes países.
Em resumo, a pergunta formulada no título deste artigo não é simples. Ou, por outro
lado, a resposta a esta pergunta não é simples. Não se pode apenas dizer sim ou não.
Existem diversos condicionantes que determinam esta resposta. A proposta deste artigo foi
examinar os principais fatores que afetam o negócio leite.
3
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Caroço de Algodão , por que utilizar.
O ALGODÃO NA NUTRIÇÃO DE BOVINOS
O algodoeiro é cultivado para produção de fibra e a torta, resultante da semente,
após a extração do óleo, representa mundialmente a segunda mais importante fonte ou
suplemento protéico disponível para a alimentação animal, ultrapassada apenas pela soja
(3). De todos os subprodutos de algodão, os farelos da torta, são os mais conhecidos e
utilizados. Resultam da remoção do óleo, que pode ser feita tanto pelo esmagamento
mecânico do caroço como através do uso de solventes.
A produção brasileira de algodão vem apresentando grandes oscilações ao longo
dos anos, ainda que a produtividade tenha apresentado tendência crescente. Na região
produtora de algodão arbóreo, a praga do bicudo teve efeitos mais acentuados,
acelerando a substituição desta espécie pelo algodão herbáceo (9).
Os farelos, como fonte protéica, apresentam teores de proteína bruta (PB) de
34,3 a 48,9% e, como fonte de energia, teores de energia digestível (ED) de 3,22 a 3,44
Mcal/kg. Os caroços de algodão, além de teores de PB de 22 a 25% e de FDN entre 37 e
44%, possuem de 4,12 a 5,30 Mcal/kg de ED. São também importantes fontes de fibra,
com teores de fibra bruta (FB) de 17,2 a 28%. A casca do caroço de algodão e os restos
de culturas, utilizados como fontes de fibra, apresentam teores de FB de 42,9 a 50,0%.
Como fontes de macrominerais, ressaltem-se os teores de fósforo (P), acima de 1% nos
farelos, de cálcio (Ca), que chegam a 0,24% nos farelos e caroços e de enxofre (S),
atingindo 0,43% no farelo proveniente da extração mecânica do óleo (15).
Apesar da reconhecida qualidade dos subprodutos resultantes da indústria
algodoeira, como alimento para bovinos, permanecem os problemas resultantes da
presença do gossipol nestes derivados. Além disso, métodos modernos de extração de
óleo têm aumentado a concentração deste composto fenólico nos subprodutos, ao mesmo
tempo em que as vacas de alta produção tendem a aumentar a ingestão de alimentos e,
conseqüentemente, de gossipol. Nestas condições, o limite máximo de ingestão de
gossipol de 24 g/dia (8,10) pode ser excedido, com possíveis conseqüências adversas.
Reações fisiológicas diversas podem ocorrer, dependendo do estágio produtivo e
nutricional do animal. A molécula de gossipol não é metabolizada pelas bactérias do
rúmen nem pelo animal (1). Ela se une às proteínas que contém aminoácidos livres,
impedindo seu metabolismo (14). As ligações com proteínas (12), bem como altos níveis
de ferro na dieta podem inativar os pontos de ligação do gossipol, diminuindo sua
toxicidade. A peletização também resulta em diminuição de sua atividade (4). Os
subprodutos do algodão, principalmente aqueles nos quais o gossipol ainda não foi
Estrada da Ribeira, 3001 • km 03 • 83408-000 • Colombo.PR • Telefone: (41) 2169 3100 • www.nuvital.com.br • nuvital@nuvital.com.b
O algodoeiro é cultivado para produção de fibra e a torta, resultante da semente,
após a extração do óleo, representa mundialmente a segunda mais importante fonte ou
suplemento protéico disponível para a alimentação animal, ultrapassada apenas pela soja
(3). De todos os subprodutos de algodão, os farelos da torta, são os mais conhecidos e
utilizados. Resultam da remoção do óleo, que pode ser feita tanto pelo esmagamento
mecânico do caroço como através do uso de solventes.
A produção brasileira de algodão vem apresentando grandes oscilações ao longo
dos anos, ainda que a produtividade tenha apresentado tendência crescente. Na região
produtora de algodão arbóreo, a praga do bicudo teve efeitos mais acentuados,
acelerando a substituição desta espécie pelo algodão herbáceo (9).
Os farelos, como fonte protéica, apresentam teores de proteína bruta (PB) de
34,3 a 48,9% e, como fonte de energia, teores de energia digestível (ED) de 3,22 a 3,44
Mcal/kg. Os caroços de algodão, além de teores de PB de 22 a 25% e de FDN entre 37 e
44%, possuem de 4,12 a 5,30 Mcal/kg de ED. São também importantes fontes de fibra,
com teores de fibra bruta (FB) de 17,2 a 28%. A casca do caroço de algodão e os restos
de culturas, utilizados como fontes de fibra, apresentam teores de FB de 42,9 a 50,0%.
Como fontes de macrominerais, ressaltem-se os teores de fósforo (P), acima de 1% nos
farelos, de cálcio (Ca), que chegam a 0,24% nos farelos e caroços e de enxofre (S),
atingindo 0,43% no farelo proveniente da extração mecânica do óleo (15).
Apesar da reconhecida qualidade dos subprodutos resultantes da indústria
algodoeira, como alimento para bovinos, permanecem os problemas resultantes da
presença do gossipol nestes derivados. Além disso, métodos modernos de extração de
óleo têm aumentado a concentração deste composto fenólico nos subprodutos, ao mesmo
tempo em que as vacas de alta produção tendem a aumentar a ingestão de alimentos e,
conseqüentemente, de gossipol. Nestas condições, o limite máximo de ingestão de
gossipol de 24 g/dia (8,10) pode ser excedido, com possíveis conseqüências adversas.
Reações fisiológicas diversas podem ocorrer, dependendo do estágio produtivo e
nutricional do animal. A molécula de gossipol não é metabolizada pelas bactérias do
rúmen nem pelo animal (1). Ela se une às proteínas que contém aminoácidos livres,
impedindo seu metabolismo (14). As ligações com proteínas (12), bem como altos níveis
de ferro na dieta podem inativar os pontos de ligação do gossipol, diminuindo sua
toxicidade. A peletização também resulta em diminuição de sua atividade (4). Os
subprodutos do algodão, principalmente aqueles nos quais o gossipol ainda não foi
Estrada da Ribeira, 3001 • km 03 • 83408-000 • Colombo.PR • Telefone: (41) 2169 3100 • www.nuvital.com.br • nuvital@nuvital.com.b
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